Mulheres de Di Cavalcanti

17/09/2019

Di Cavalcanti foi um dos primeiros pintores a colocar a mulata como símbolo desta brasilidade.  "O símbolo do Brasil. Ela não é preta, nem branca. Nem rica, nem pobre. Gosta de dança, gosta de música, gosta de futebol, como o nosso povo". 

Além de pintor, ele foi desenhista, ilustrador, cartunista, caricaturista, muralista, cenógrafo, escritor, jornalista, poeta e doutor honoris causa pela Universidade Federal da Bahia. Foi um dos maiores ícones do movimento modernista da década de 1920.

Suas mulatas simbolizavam todo o potencial e originalidade cultural brasileira. Nem ameríndias, nem africanas, era mestiças. Um ano após o marco da Semana de Arte Moderna, Di Cavalcanti já incorporava em suas telas figuras de mulheres mestiças. 

Em meio a um nacionalismo intelectual, de maneira mais geral, na crença e busca por uma identidade nacional, as mulheres do pintor surgiam ocupando um lugar de destaque. Eram urbanas, produzidas, maquiladas, utilizavam os adereços e cortes de cabelos em voga na época e simbolizavam, ao passo que colocavam-se distantes de qualquer ilusão romântica. 

A cor, a luz, as frutas, as paisagens tropicais estão entre os elementos e composições que materializam o ideal de brasilidade, vinham inseridas em uma discussão social, de contrastes, ressignificação do lugar da mulher na sociedade, e do fascínio e sensualidade que inspiravam. 

O nu é outro traço recorrente destas mulheres, sem apelo erótico, mas repleto de significados. Suas mulheres protagonizavam cenas de intensa sensualidade, em que Di Cavalcanti explorava contrastes, os tons avermelhados e emotivos, combinados aos volumes e planos de seu traço. Estavam longe de representar uma mulher  frágil e submissa. 

Até a próxima semana!!!

Alessandra Galicio